sábado, 15 de novembro de 2014

São feitas de tecido, linha e enchimento e se falassem diriam que são feitas com puro talento

Muitas meninas, antes de toda esta parafernália tecnológica do mundo moderno, já embalaram seus sonhos abraçadas a uma boneca de pano.

Não é a toa que um dos mais conhecidos autores de contos infantis, Monteiro Lobato, deu vida a uma delas. Emília.
Saindo do mundo da literatura infantil, hoje encontramos em Itararé, uma mulher que também faz bonecas de pano feito Tia Anastácia.

Com linha, tecido, agulha e enchimentos, Maria Edinéia Müsel dá asas aos sonhos e fantasias de muitas meninas e consegue encantar também os adultos.

Aproximadamente há dez anos, Maria Edinéia Müsel, 48, resolveu realizar um sonho seu e de sua filha, ou seja um book. “Na época, não tínhamos dinheiro e minha filha mais velha, Maria Thereza, hoje com 27 anos, me ajudava a confeccionar pano de prato”, diz Edinéia.

O problema, segundo Edinéia, é que ela já havia feito o book de sua filha e precisava pagá-lo. Foi quando Maria Thereza deu a ideia de fazer uma boneca de pano. “Eu costurei e ela pintou. Mas a primeira ficou horrível”, comenta Maria Edinéia que acrescentou “mesmo assim continuamos a insistir, pois precisávamos pagar as fotos”.

Conta Edinéia que a segunda boneca ficou melhor e emprestou R$ 60 do marido para poder aumentar a quantidade e conseguiram montar trinta delas, além de algumas bolsas de pano.

Coincidentemente naquele ano teve uma das festas de peão de Itararé, e elas conseguiram um espaço para expor o seu trabalho junto à casa do artesão. “Nós conseguimos vender em dois dias todas as bonecas e bolsas que confeccionamos, além de aceitar encomendas para o final da festa.

Foi um sucesso que nem nós esperávamos e nos animou a continuar produzindo bonecas”.

Com o dinheiro das bonecas e das bolsas, a artesã pagou o tão sonhado book das filhas e foi aperfeiçoando suas criações. “Fomos a São Paulo, compramos mais material e demos início à confecção. Com isso até decidimos parar com os panos de prato e nos dedicamos às bonecas”, diz Edinéia.

Maria Edinéia é casada com Fábio Veiga, 49, e tem mais dois filhos, Mariane, 23, e Lucas, 21, mas o lado artístico e da habilidade ficou apenas com as duas.

Hoje, Maria Edinéia costura e monta as bonecas sozinha, pois sua filha Maria Thereza formou-se em administração e trabalha em Sorocaba/SP. “Ela sempre me ajudou nos finais de semana, pintando o rostinho das bonecas. Quando minha filha não pode vir a Itararé, eu mesma pinto, mas não é o meu forte”, diz a artesã.

Para quem observa o trabalho de Maria Edinéia, logo percebe o capricho e os detalhes com que esta artesã procura dar as suas peças. O fato de ser feito artesanalmente, faz com que cada boneca tenha uma forma e um acabamento diferente. “Eu não faço pensando em deixar tudo igual, apenas a expressão facial é que deixamos parecido, mas mesmo assim não é igual”, afirma Edinéia.

No expositor de sua casa existem Emílias, bonecas de vários times paulistas, bruxinhas com suas vassouras voadoras e até mesmo uma boneca de cor. Esta boneca de cor, a artesã fez a primeira sob encomenda para alguns clientes na FIAJER – Feira de Artesanato e Renda em Sorocaba. “Foi algo muito interessante, pois ela é uma das mais vendidas, embora dê um pouco mais de trabalho, porque tanto nas mãos quanto nos pés eu procurei fazer o detalhe dos dedos e ficou bem diferente das que normalmente faço”, diz Edinéia.

Hoje, suas bonecas são vendidas, praticamente todas, em Sorocaba, através de sua filha mais velha que atende pedidos realizados na empresa onde trabalha. “Aqui em Itararé, eu vendia as bonecas chaveiro para as floriculturas da cidade. Praticamente todas elas recebiam as minhas bonequinhas”, diz Edinéia.

Enquanto isso, a artesã vai fabricando suas bonecas de pano, talvez até imaginando que um dia elas pudessem falar como a Emília dos contos de Monteiro Lobato. E o que será que elas diriam? Que foram feitas das mãos de uma mulher que transformou retalhos, linha e enchimento em pura magia para milhares de crianças que dormem abraçadas à suas bonecas e que recebem nomes diversos, muitas vezes transformando-se em suas companheiras pelo resto da vida? Só a imaginação pode dizer.

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