É difícil dizer a que estilo ele segue. Apenas é
possível dizer e perceber a sua genialidade retratada através das telas de
diferentes temas. Seu estilo é energicamente pessoal. Ele consegue dar a sua
pintura espatulada a leveza da pintura a pincel, técnica que leva sua marca
registrada e que ninguém ousou, ainda, imitar.
Ele é o filho mais
velho de cinco irmãos, nasceu no dia 01 de agosto de 1922 e seus pais foram
Simão Jorge Chueri e Maria Merege Chueri. Estamos falando de Jorge Chueri que
desde muito cedo gostava de rabiscar em papéis de embrulho.
Na escola Tomé
Teixeira, em 1929, já aos 7 anos de idade, Chueri relembra que quando algum
professor faltava, as aulas eram substituídas pelo servente da escola; Hércules
Peppo Trabalhi, que tinha pequenas noções de desenho e artes. Segundo Chueri, foi
aí que começou a despertar nele uma vontade cada vez maior de desenhar.
Depois de alguns
anos, Chueri começou a trabalhar na livraria, papelaria e tipografia “O
Itararé”. “As tintas das primeiras telas nada
mais eram que as sobras do fundo das latas usadas na tipografia. No início era
ruim, pois a tinta da marca Funtimod, não era própria para tela e precisava ser
diluída com óleo de linhaça para obter um resultado melhor” relembra
Chueri.
E as telas então?
Segundo ele, faziam de aniagem, pano grosseiro sem acabamento, mas principalmente
de algodão cru ou alvejado, além de tecidos usados na confecção de sacos e
fardos para embalagens de grãos, cereais e farinha. Esticavam estes panos e
pregavam em quatro ripas de madeira. Era a vontade aliada ao talento nato.
Um dos primeiros
desenhos reconhecidos fora de Itararé foi uma caricatura de três cowboys, sendo
eles Churchil, Charles de Gaule e Roosevelt, presidentes dos países aliados, perseguindo
uma carruagem onde estavam os ditadores Hitler, Mussolini e Hiroito, derrotados
na 2ª Guerra Mundial. “Este desenho foi
comprado por um jornal de São Paulo. Na época eu ganhava 30 mil réis por mês e
só neste desenho eu ganhei 100, o que me rendeu com um só desenho, três meses
de trabalho” lembra Jorge.
Jorge Chueri
trabalhou 25 anos na tipografia dos irmãos Tatit, onde de balconista passou a
viajar vendendo impressos e sacos de papéis para a tipografia. Anos mais tarde,
comprou a livraria e a papelaria dos seus antigos patrões. Surgia, assim, a
Livraria e Papelaria Jorge Chueri. Nessa livraria, Chueri promovia encontros
com os adeptos da arte na época, mas viu o seu talento adiado por não conseguir
sair ao ar livre para pintar. “Pintar ao
ar livre, sentir o cheiro das flores e do mato, perceber o vento soprando leve
brisa; as cores e todo o movimento da natureza ao meu redor é o que eu sempre
gostei de fazer” conta o artista plástico. Por isso mesmo ficou muitos anos
sem exercer o seu talento mais natural.
Somente após 35
anos de comércio, na livraria e papelaria, Chueri se aposentou e voltou a
pintar. A evolução de sua pintura aconteceu exclusivamente pelo seu talento, junto
com a constante observação das obras de artistas que mais o tocavam. Chueri
nunca frequentou cursos de pintura, nem escolas de arte e muito menos
professores particulares. Por isso mesmo é difícil dizer a que estilo ele
segue. Apenas é possível dizer e perceber a sua genialidade retratada através
das telas de diferentes temas. Seu estilo é energicamente pessoal. Ele consegue
dar a sua pintura espatulada a leveza da pintura a pincel, técnica que leva sua
marca registrada e que ninguém ousou, ainda, imitar.
Obras
A “Via Sacra”,
série de 15 telas que reproduzem o martírio de Jesus Cristo em paisagens
itarareenses está exposta em seu ateliê. Ela foi uma encomenda do Pe. Alampe no
ano de 1975. “A ideia do padre era decorar a Igreja Matriz com esta obra”, conta
Chueri, mas todo o seu trabalho praticamente ficou perdido, pois o padre Alampe
foi transferido para outra Paróquia e seu sucessor não quis adquirir o trabalho.
Mas sua obra não
ficou limitada somente a “Via Sacra” e nos anos 80, Chueri encara outro desafio
que seria o de pintar outra série intitulada “Os bairros do município de
Itararé”. Esta obra composta de 47 telas retrata toda a vida dos habitantes e
seus bairros rurais da época, além de ser um trabalho de registro demográfico,
pois traz no verso de cada tela o nome completo do bairro, a distância em
quilômetros, o nome da escola rural, a quantidade de alunos, o nome de igrejas
ou capelas além de suas principais lavouras. Infelizmente a história se repetiu
e esta obra de difícil execução também foi recusada pelo sucessor do prefeito
que havia realizado a encomenda. Anos mais tarde, Chueri vendeu a coleção para
vários colecionadores de arte, e hoje, ele acredita que muitas destas telas
estão em diferentes países.
Para orgulho de Jorge
Chueri, ele já viu suas obras expostas em várias mostras coletivas, não só no
estado de São Paulo, mas também em várias cidades de outros estados brasileiros.
O artista possui obras em diversos países como o México, Espanha, Portugal,
Itália, França, China, Bolívia e Chile e agora, o seu mais recente trabalho
intitulado “Onze Horas e o Cálice de Vinho” já está vendido para um país
nórdico que ele preferiu não revelar o nome.
Hoje em dia, por
conta de um problema no fêmur de uma de suas pernas, Jorge Chueri se locomove
com muita dificuldade, mas sem perder a simpatia e o bom humor que lhe é
peculiar. Além disso, ele nos surpreendeu durante a entrevista quando disse que
pretende aprender informática e navegar nas redes sociais. Este é com certeza,
um exemplo de dinamismo e disposição a ser seguido por muitos jovens e ou
adultos que acham que não possuem mais ânimo pela vida.
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